Resumo
Este artigo discute estratégias metodológicas para lidar com fontes históricas em pesquisas (etno)musicológicas. Denomino essa abordagem de “tecnologias do saber musical” e, além de uma revisão da importância das tecnologias para o desenvolvimento da área de (etno)musicologia, apoio minha perspectiva através de exemplos iconográficos sobre as violas no Rio de Janeiro do século XIX. Argumento que, apesar da miríade de fontes disponíveis –incluindo a representação iconográfica (desenhos e pinturas), narrativas de viagens, crônicas e literatura ficcional, partituras e métodos do instrumento– a sua informação etnográfica emergirá somente em um processo de interpretação que envolva uma avaliação completa do meio representacional no qual os dados são apresentados. Em outras palavras, defendo que uma análise e interpretação meticulosa dos documentos musicais dependem da consciência das potencialidades e restrições tecnológicas nas quais as representações históricas estão inscritas.