Resumo
Os movimentos e resistências observados no âmbito da política brasileira desde 1985, após o fim do regime ditatorial implantado por golpe civilmilitar em 1964, impressionam tanto por sua diversidade quanto por algumas características que parecem lhes ser comuns e imanentes. Combate à corrupção endêmica ou os embates e acordos táticos entre o neoliberalismo, o neodesenvolvimentismo e o redistributivismo são somente alguns marcadores de tal diversidade de perspectivas, que encontraram respaldo majoritário entre o eleitorado brasileiro, com repercussões decisivas para os rumos da investigação sobre a música e as artes no país. Este trabalho refletirá sobre as implicações para as políticas e práticas de investigação em etnomusicologia das recentes mudanças na conjuntura política brasileira, tendo como marcos o impeachment de Dilma Roussef em 2016 e a eleição em 2018 de um governo liderado por representante da extrema direita.