“Não(s) de cara” na Tentativa de Acesso à Laqueadura Tubária

Mulheres sem Filhos e a Invalidez do Consentimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34096/runa.v45i2.14203

Palavras-chave:

Direitos sexuais e reprodutivos, Planejamento sexual e reprodutivo, Laqueadura tubária, Esterilização voluntária

Resumo

O artigo analisa a experiência de mulheres sem filhos quanto ao acesso à laqueadura em Manaus/AM, Brasil. Trata-se de estudo netnográfico, com 20 participantes do grupo privado de uma rede social. A coleta de dados se deu por meio da publicação de roteiro com postagens temáticas, de 21 de junho a 13 de setembro de 2022, e posterior análise de conteúdo. A primeira categoria de resultados aborda as dificuldades quanto à realização da cirurgia, seus requisitos e o acesso informal ao conhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos. A segunda, a invalidez do consentimento da mulher como característica principal do atendimento por profissionais de saúde. A terceira, o itinerário emocional imposto a quem busca a laqueadura. Conclui-se que o consentimento para realização da laqueadura tubária é invalidado por profissionais de saúde, que agem promovendo a refundação da Lei e atuando como representantes da biopolítica de Estado de controle dos processos reprodutivos.

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Biografia do Autor

  • Cristina Gonçalves Rodrigues, Universidade do Estado do Amazonas

    Cristina Gonçalves Rodrigues. Graduação em enfermagem e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Amazonas (UEA-Brasil).

  • Polyana Peixoto Pinheiro, Universidade do Estado do Amazonas

    Polyana Peixoto Pinheiro. Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM-Brasil) e Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA-Brasil). Atua como psicóloga na Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM-Brasil) com mulheres em situação de violência de gênero e na Maternidade Balbina Mestrinho (SES/AM-Brasil) nos processos de pré-parto, parto e nascimento.

  • Roberta de Lima Sousa Vieira, Universidade Federal do Amazonas

    Roberta de Lima Sousa Vieira. Psicóloga Social e Comunitária da Universidade Federal do Amazonas (UFAM-Brasil), lotada no Departamento de Saúde e Qualidade de Vida. Mestre em Psicologia pela UFAM-Brasil. Possui graduação em Psicologia e especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, ambas formações pela Universidade Federal do Ceará (UFC-Brasil).

  • André Luiz Machado das Neves, Universidade do Estado do Amazonas

    André Luiz Machado das Neves. Doutor em Saúde Coletiva, na área de concentração em ciências sociais e humanas na Saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-Brasil). Professor da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (UEA-Brasil). Pesquisador do Núcleo de Estudos Psicossociais sobre Direitos Humanos e Saúde (NEPDS-UEA-Brasil). Atua como docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-UEA-Brasil) e no Doutorado em Saúde Pública na Amazônia em associação com FIOCRUZ/ILMD-UEA/UFAM no Brasil.

  • Maria do Livramento Coelho Prata, Universidade do Estado do Amazonas

    Maria do Livramento Coelho Prata. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM-Brasil). Professora da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (UEA-Brasil). Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC-Brasil).

  • Munique Therense, Universidade do Estado do Amazonas

    Munique Therense. Doutora em Saúde Coletiva, na área de concentração em ciências sociais e humanas na Saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-Brasil). Professor da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (UEA-Brasil). Pesquisadora do Núcleo de Estudos Psicossociais sobre Direitos Humanos e Saúde (NEPDS-UEA-Brasil). Atua como docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-UEA-Brasil), Programa de Pós-Graduação em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos da UEA-Brasil.

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Publicado

2024-07-04

Como Citar

“Não(s) de cara” na Tentativa de Acesso à Laqueadura Tubária: Mulheres sem Filhos e a Invalidez do Consentimento. (2024). RUNA, Archivo Para Las Ciencias Del Hombre, 45(2), 77-96. https://doi.org/10.34096/runa.v45i2.14203