Morte, fantasmas e loucura em duas narrações de Bernardo Couto Castillo
DOI:
https://doi.org/10.34096/zama.a11.n11.7350Palavras-chave:
Bernardo Couto Castillo, Revista Moderna, narrador alucinado, mulher, morteResumo
Em este artigo de pesquisa procuro explorar as narrações “Una obsesión” (1901) e “Celos póstumos” (1898) de Bernardo Couto Castillo publicadas em Revista Moderna, em seus primeiros tempos (1898-1903). Sua figura de escritor tem muita importância já que não só é um dos iniciadores da Revista Moderna, mas também um dos escritores mais representativos da linha decadentista dessa publicação até 1901, data de sua morte. Postulo que em duas narrações, a configuração da tríade do narrador alucinado (Colombi, 2013:232), mulher e morte se transforma em um dispositivo narrativo/ descritivo aberto à indagação de outras realidades como a morte e a loucura. Este dispositivo permite delinear sensações e percepções que se rebelam contra o raciocínio e possibilitam o acesso ao domínio do irracional através do fantasy. Em “Una obsesión”, estes procedimentos se realizam por meio da apropiação e combinação seletiva de alguns temas e procedimentos de Edgar Allan Poe em relação com determinadas imagens da pintura prerrafaelista, enquanto em “Celos póstumos” o autor recupera o tópico barroco do vanitas para conseguir o mesmo efeito. Os interesses estéticos de Couto Castillo colidiam com o México porfirista que perseguía uma modernização associada ao mercantilismo, onde o arte parecia então um trabalho inútil e improdutivo, a menos que tivesse alguma utilidade em benefício dos interesses do Estado.