“Quando o Sergio tira uma foto sua”: Fotografias e política do olhar nas aulas de Antropologia na universidade
DOI:
https://doi.org/10.34096/cas.i60.14547Palavras-chave:
Política do olhar, Ensino da Antropologia, FotografiaResumo
Este artigo propõe uma investigação sobre as formas adotadas e os efeitos dos olhares desenvolvidos em suas interações entre “professores” e “alunos” da disciplina Antropologia Social em um curso universitário. Abordar o estudo da sala de aula como uma situação de campo mostrou-se fértil para questionar o que significa olhar em uma sala de aula universitária. Utilizando a observação participante e o registro fotográfico, desenvolvemos estratégias metodológicas específicas para analisar diferentes tipos de registros e produzir dados que nos permitiram apreender dimensões da constituição das relações sociais na sala de aula, tomada como forma social. Em articulação com um campo teórico que coloca em diálogo a antropologia e a educação, evidenciou-se a qualidade agencial e a dimensão material dos olhares, organizados em torno dos conflitos e associações que constituem os sujeitos nas interações. As fotografias e sua elicitação provaram ser uma estratégia epistemológica, metodológica e textual central. O registro fotográfico e as reflexividades a que deu origem assumiram um protagonismo que revelou a constituição entrelaçada de objetos, sujeitos, gestos, deslocamentos e ambientes que produzem essa forma social chamada, nas instituições educacionais, de aula. Mostrou também que a configuração da sala de aula, na sala de aula, é tributária da política do olhar. Conseguimos identificar três políticas do olhar conflitantes e entrelaçadas. A busca incessante para constituir a autoridade docente, a formação de um sujeito estudantil coletivo e o surgimento de uma maneira de olhar para o outro e olhar para nós mesmos. Ao investigar a maneira como os alunos olham para si mesmos em sala de aula, vinculados aos objetos que manipulam e a partir dos quais formam um corpo, levantamos hipóteses sobre as condições em que é possível o surgimento de uma força coletiva que problematiza a autoridade docente em sala de aula. Com essas ferramentas conceituais, voltamos ao incidente que abre o artigo e relatamos brevemente o desfecho do episódio, inscrevendo o tipo de resolução que ele teve na dinâmica da política do olhar explicada aqui e nas alternativas que podem ser gestadas em relação a ele. Resta uma reflexão final que os incidentes de nosso campo e nossas descobertas podem ter para o Ensino de Antropologia e a relação entre ensino e pesquisa em Antropologia Social.
Downloads
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Esta obra está bajo una Licencia Creative Commons Atribución 4.0 Internacional
Cuadernos de Antropología Social sostiene su compromiso con las políticas de Acceso Abierto a la información científica, al considerar que tanto las publicaciones científicas como las investigaciones financiadas con fondos públicos deben circular en Internet en forma libre, gratuita y sin restricciones.
Los contenidos y opiniones expresadas en los artículos publicados son de entera responsabilidad de sus autores.
Los autores/as que publiquen en esta revista aceptan las siguientes condiciones:
- Los autores/as conservan los derechos de autor y ceden a la revista el derecho de la primera publicación, bajo la licencia de atribución de Creative Commons, que permite a terceros utilizar lo publicado siempre que mencionen la autoría del trabajo y a la primera publicación en esta revista.
- Los autores/as pueden realizar otros acuerdos contractuales independientes y adicionales para la distribución no exclusiva de la versión del artículo publicado en esta revista (p. ej., incluirlo en un repositorio institucional o publicarlo en un libro) siempre que indiquen claramente que el trabajo se publicó por primera vez en esta revista.